MUSA - 1/7/2016
Acordei e ouvi o vento forte lá fora. Sim, chegou sem dúvida
o primeiro dia do MUSA Cascais. Ano após ano há algo que não muda, o vento.
Cheguei à conclusão que o S. Pedro não gosta de reggae. Não faz mal, nós
gostamos.
O primeiro dia oficial do festival (o primeiro dia mesmo
tinha sido no dia anterior com a festa no campismo) começou ao som dos Terra
Livre no palco principal. Com nove elementos em palco, esta banda de
reggae/música do mundo encantou, ligou-nos às nossas raízes e transmitiu a sua
mensagem na nossa poética língua. Em conversa após o concerto, os Terra Livre disseram-nos
ir beber influências das coisas simples do dia-a-dia não pensando tanto num
género musical específico mas sim na mensagem a transmitir. Quanto a essa
mensagem é uma vontade de se ligarem à Terra Mãe e de não a explorar da forma
como tem acontecido. Disseram ainda estar em total sintonia com o festival
MUSA, festival que vai de encontro com aquilo em que acreditam: vibrações
positivas e uma preocupação ambiental.
Marcus Da Lion foi o nome que se seguiu. Com uma voz rouca e
uma intensidade e entrega de se notar, agarrou o público que o acompanhou num
óptimo concerto de reggae provando que o bom reggae também pode ser português.
Ainda no panorama do reggae nacional, os já tão aclamados
Supa Squad entraram em palco trazendo o de que melhor se faz no dancehall do
nosso país. Acompanhados de bailarinas e com convidados de luxo, Xibata e
Virgul, puseram todo o público a dançar e a vibrar com as suas vozes poderosas.

Jesse Royal, primeiro nome jamaicano da noite, seguiu-se
apresentando-se a uma plateia já bastante composta. O cantor de 27 anos
apresentou o seu mais recente álbum e entregou-se a temas como “Modern Day
Judas”, “Finally” ou “Gimme Likkle”. Um óptimo começo de noite com uma óptima
voz.
Tanya Stephens foi o nome seguinte, e a única mulher no
cartaz deste ano. Já há muitos anos que esperava por um concerto desta
“Senhora” do reggae. A expectativa era, portanto, muito elevada e conseguiu ser
superada. Tanya Stephens tem uma voz muito boa e um charme bem particular.
Emocionou-se quando um membro da produção apareceu em palco à 00h para lhe
cantarmos os parabéns em conjunto, e presenteou-nos com clássicos como “It’s a
Pitty” ou “These Streets”. Tivemos o privilégio de falar com a cantora no final
do concerto e nos deliciarmos com a sua simpatia.
Quando questionada sobre a
mensagem da sua música: “Amor. Amor, amor e amor. Amem com força, não interessa
se saem magoados, irão amar de novo. É a única forma de consertarmos o mundo.
Não vamos lá mandando as pessoas serem boas, mas se cada um de nós amar o
próximo e sentir que somos todos iguais poderemos resolver tudo. Não iremos
fazer mal a quem gostamos, não queremos que quem gostamos passe fome, não os
iremos matar. Pode parecer irrealista mas é a verdade, temos de começar a nos
preocupar mais e a cuidar dos outros.” A artista disse ainda, em seu nome e em
nome da banda, que adoraram o festival e o seu público e que se divertiram
bastante. A surpresa de cantarmos os parabéns foi algo que nunca irá esquecer e
que se sentiu muito bem quando o público cantou alguns dos temas: “É bom termos
reconhecimento. Não interessa se somos cantores, secretárias, professores,
sentimos a energia de todos e eu senti a do público e adorei.”
Costumam dizer que o melhor fica para o fim e o cabeça de
cartaz do primeiro dia é provavelmente o nome mais acarinhado do reggae em
Portugal, Alborosie. Com algum atraso e manifestações de descontentamento por
parte do público, “Puppa Albo” entrou bem depois da hora mas deu um concerto,
como sempre, incrível e foi rapidamente perdoado. Alborosie há muito que
dispensa apresentações e com tantos hit’s imagino que não deva ser fácil criar a setlist
dos seus concertos. Não há uma música que o público não conheça e não cante com
o artista. Com uma presença em palco que poucos artistas conseguem, tivemos
direito aos temas mais conhecidos da sua carreira bem como os do novo trabalho
“Freedom & Fyah”. Não faltaram, claro está, “Kingston Town”, “Herbalist”, “No
Cocaine” ou a mais recente “Poser”. Um final de noite memorável.
Vídeo do primeiro dia do festival: https://www.youtube.com/watch?v=wJivcyqDvFQ
Texto: Sofia Robert
Fotografias: Luís Carvalho
Para mais fotografias: https://www.facebook.com/soumusica.pt
Fotografias: Luís Carvalho
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Instagram e Twitter: @soumusicapt
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