Grutera - Entrevista
Grutera
é Guilherme Efe, guitarrista da Nazaré.
Grutera: https://pt-pt.facebook.com/grutera1
Entrevista: Sofia Robert
https://www.facebook.com/soumusica.pt
Instagram e Twitter: @soumusicapt
Com dois álbuns bem-sucedidos é a vez
do lançamento de “Sur Lie”, terceiro álbum do artista gravado no Túnel das
Barricas da Herdade do Esporão. Um álbum lindíssimo que terá a sua apresentação
este sábado, dia 14 de Novembro, na Casa Independente às 22h00.
Tivemos o
privilégio de saber um pouco mais sobre este trabalho:
Quem é Grutera?
É um tipo a tentar dizer coisas com uma guitarra.
Uma vez consegue dizer o que quer, outras é ela que diz o caminho. Como em
todas as relações.
Como surgiu a ideia da gravação na Herdade do
Esporão?
Eu procuro sempre sítios com acústicas muito
características para gravar os discos, dando mais identidade à guitarra. O
Vasco Durão (responsável pelo Guitarras ao Alto), soube que andava à procura de
um espaço e convidou-me para ir ao Alentejo experimentar umas adegas. Ficámos
logo encantados com o Túnel das Barricas da Herdade. Tanto acusticamente como
esteticamente, pareceu-nos perfeito.
A inspiração que lá encontraste era aquela
que esperavas?
Não ia com ideias de encontrar inspiração lá. Já
a levava toda comigo. Tínhamos pouco tempo para gravar por isso tive de ir com
tudo muito bem estruturado. Mas a verdade é que depois de lá chegarmos mudei
muitas coisas devido ao espaço. Aquilo é especial. Tudo é mais intenso ali. Os
segundos. Os silêncios. Os ataques. Tudo.
O nome do álbum foi muito bem escolhido.
Podes explicar aos nossos leitores, para quem não sabe, o significado de “Sur
Lie”?
Basicamente procurei um termo vinícola que
explicasse o conceito do disco e ao mesmo tempo o sítio onde foi gravado. Assim
como fiz com o “O Passado Volta Sempre”, quando o gravei no mosteiro. Sur lie é um processo de
envelhecimento do vinho. A sua fermentação e maturação é feita sobre as suas
próprias borras e depósitos, o que faz com que fique mais aromatizado e
intenso. Fazendo a analogia, é exatamente disso que este disco resulta. O meu
amadurecimento como pessoa. Esse amadurecimento acontece sobre tudo o que já
fiz para trás, bem e mal. Sou relativamente novo e as coisas mudam muito
rapidamente na minha cabeças e nas minhas mãos. Os 3 discos são muitos
diferentes uns dos outros porque a mudança ainda é muito imediata. Cada disco
que faço sinto-me orgulhoso na altura, mas passado uns tempos já me envergonho
do que fiz. É estranho. É frustrante, mas desafiador, porque acho que é sinal
de evolução e de não estagnação. Aquela coisa humana de estar constantemente
insatisfeito com o que fizemos por querermos fazer cada vez melhor, é muito
isso. Mas temos de fazer... fazer é importante para fazer melhor.
A capa (fotografia de Leonor Fonseca) é
também muito bonita. Qual a história por trás da mesma?
Toda a fotografia do disco é analógica. Desde a
capa ao interior do álbum. Gosto muito de fotografia analógica e fiz questão
que assim fosse, por isso é que escolhi a Leonor Fonseca, que é pro nisso. A
capa é uma sobreposição de duas fotografias que ela tirou: o corredor do Túnel
das Barricas e alguém de olhos vendados. Depois o artwork foi tratado pela Ana
Gil que também tem um talento enorme. Ficou bastante abstracto, mas com atenção
percebe-se. Eu gosto disso. Não gosto de coisas imediatas. Para isso já basta
ligar a rádio ou a TV.
Será o vinho o melhor acompanhante para
ouvirmos este álbum?
Se calhar devia dizer que sim, mas ainda não sou
grande apreciador de vinho, apesar de ter uma relação muito próxima com ele.
Ainda prefiro umas cervejas, se forem artesanais tanto melhor. O melhor
acompanhamento para ouvir este disco são mesmo umas boas colunas ou uns bons
headphones onde se perceba o que o Tiago e o Diogo Simão fizeram com a acústica
e ambiência do espaço.
A guitarra diz aquilo que não ouvimos por
palavras na tua música?
Eu espero que sim. Para mim é para isso que serve
a guitarra. É um instrumento que utilizo para chegar onde não chego de outra
forma.
A apresentação do disco terá lugar este
sábado na Casa Independente. O que podemos esperar desta atuação?
Mudei radicalmente o equipamento que utilizo em
palco. Ando a explorar muita coisa e ainda não sei muito bem o que vai
acontecer. Sei que vai haver o disco praticamente na íntegra e pelo meio algum
espaço para outras coisas saírem ali, para quem estiver. Vai ser uma
noite bonita.
Grutera: https://pt-pt.facebook.com/grutera1
Entrevista: Sofia Robert

Instagram e Twitter: @soumusicapt
Comentários
Publicar um comentário