NOS Alive
Foram três dias de NOS Alive… Intensos, animados, cheios de
boa música e que nos fazem desejar termos o dom de nos multiplicarmos para
aproveitar o que de melhor cada palco tem para oferecer em simultâneo.
Devo
confessar que a minha estadia fez-se mais pelo palco principal. James Bay deu o
primeiro concerto que vi no festival. O inglês trouxe-nos o seu primeiro álbum
que ficámos a ver ser bem conhecido do público português. Simpático e de voz
suave, um pouco rouca, disse várias vezes estar espantado com a recepção do
público nesta sua primeira passagem pelo nosso país. “When we were on fire” e “Hold
back the river” foram cantadas a plenos pulmões e fizeram aquecer as gargantas
para este primeiro dia de festival.
Ben Harper foi o artista que se seguiu. O
cantor, que já tinha estado neste festival como cabeça de cartaz em 2008, já é
bem querido do público português. Regressou com alguns temas mais recentes, mas
também com vários clássicos, alguns deles em versões um pouco diferentes. Já tínhamos saudades de ouvir “Steal
my kisses”, “Burn one down”, “With my own two hands” ou “I believe in a better
way”.
Alt-J eram o nome que mais aguardava. Tenho seguido de perto o seu
trabalho e ainda não tinha tido o privilégio de os ver ao vivo. A banda, também
britânica, encheu o palco de música, muito boa música, luzes e sombras que
ajudaram a criar ambiência e algum misticismo. Tocaram todos os êxitos, infelizmente
para mim “Pusher” ficou de fora do alinhamento, mas ouviu-se “Left hand free”, “Taro”,
“Tessellate” ou “Breezeblocks”, entre outras. A voz de Joe Newman consegue
brilhar ainda mais ao vivo e os temas, mesmo os mais calmos, fizeram toda a
gente vibrar vendo muitas mãos no ar a fazer um triângulo (símbolo da banda).
Um concerto maravilhoso!
Muse, o grande cabeça de cartaz, fechava o palco
principal nesta primeira noite. A banda veio apresentar o seu mais recente
trabalho, “Drones”, mas não deixou de parte os temas mais antigos como “Supermassive
black hole”, “Madness” ou “Hysteria”.
Muse elevam sempre os seus temas a uma outra dimensão nos espectáculos
ao vivo. Apoiam-se num jogo de luzes e dinâmica musical provando o porquê de
serem tão grandes!
O segundo dia começou com Blasted Mechanism a abrir o palco
principal. A banda nacional contava, como sempre, com fatos diferentes e
vistosos e um pano de fundo a condizer. Um concerto bem puxado para as 18h e
digno de abrir os cabeça de cartaz da noite, Prodigy. “Puxa pra cima a tua
energia” ou “Blasted generation” fizeram toda a gente saltar e dançar energicamente.
E que bom foi ouvir didgeridoo num palco principal.
De seguida dei um salto até
ao palco NOS Clubbing onde Dj Kamala se apresentava com um set especial e uma
digníssima lista de convidados como Agir, Tekilla, NBC, Sam the Kid, Filipe Gonçalves,
Héber, Sir Scratch e Bob da Rage Sense.
Fiquei-me por este espaço para o
concerto de Capicua, a sereia louca, que se seguia. Apesar da lesão que a
cantora disse ter num pé, deu um concerto bem animado mostrando que o rap não
liga a géneros. “Vayorken” e “Casa no Campo” foram recebidos com grande
entusiasmo mas o momento alto vai para o convidado Valete no tema “Medusa”.
Acompanhada de Vítor Ferreira, o ilustrador que completou o espectáculo com os seus desenhos
feitos em tempo real, foi um grande momento da música nacional deste festival.
Mumford & Sons seguiam-se no palco principal. Apesar do novo álbum, a banda
não esqueceu a folk (e o banjo!). Houve espaço para os novos temas, como a
poderosa “Wolf”, mas também para os grandes hits da banda como “I will wait”,
logo no segundo lugar do alinhamento, “The Cave” ou “Little lion man”. Uma
banda muito forte a nível musical e com uma óptima ligação com o público. Houve
tempo para um fã no palco, outro nú na plateia (que passou despercebido à
maioria) e para conversas sobre futebol. Um bom alinhamento que melhor, só
mesmo num espaço fechado e mais controlado para poder apreciar o melhor que a
voz de Marcus Mumford tem para dar.
The Prodigy fechavam o palco principal
desta segunda noite de NOS Alive. A banda que nunca perde energia já habituou o
público português a grandes concertos e este foi mais um! O Alive pegou fogo
com temas como “Firestarter”, “Voodoo people” ou “Smack my bitch up”. Um
concerto com energia a 100% que nos pôs a todos a saltar e transformou o Alive
numa mega rave!
O terceiro e último dia começou para mim com o concerto de Dead
Combo no Palco Heineken. A dupla fez-se acompanhar de um baterista e um
percussionista e do seu altar de caveiras e rosas vermelhas. Um concerto
apelativo aos olhos e aos ouvidos. Porque o que é nacional é bom, os autores de
“A bunch of meninos” mostraram o que é boa música e que a voz nem sempre é
necessária. Para terminar fizeram uma homenagem à Grécia com “Zorba, o Grego”.
Ainda deu para ouvir o final de Counting Crows e a tão conhecida “Accidentally
in love”.
A plateia ia enchendo para o concerto aguardado de Sam Smith. O
britânico, que tem vindo a ter um sucesso avassalador, apresentou-se com uma
banda e três cantores de apoio muito bons. Com uma voz divinal trouxe-nos o seu
primeiro álbum “In the lonely hour”, que admitiu ser um nome um pouco
deprimente mas que ainda hoje é uma terapia como contou nas suas variadas
conversas com o público. O concerto de deprimente não teve nada, com um Sam
Smith sempre sorridente e com um ar bastante genuíno. “I’m not the only one”
abriu logo as hostes e não foram esquecidos, como seria de esperar, os grandes
hinos das rádios “Lay me down”, “Like I can”, “Stay with me” ou as
participações de “La la la” e “Latch” que na versão original conta com os
cabeça de cartaz da noite, Disclosure. No entanto houve também espaço para
algumas versões como “I can’t help falling in love with you” de Elvis, “Tears
dry on their own” de Amy Winehouse ou “Ain’t no mountain high enough”. O
público esteve sempre com o cantor emocionando-o e fazendo-o prometer uma nova
visita brevemente.
Chet Faker era o concerto que mais queria ver na última
noite de NOS Alive. O cantor que deu dois concertos com casa cheia na semana
passada no Coliseu dos Recreios, apresentou-se a uma plateia bastante bem
composta mostrando que realmente é muito acarinhado em terras lusas. Ora
sozinho, ora acompanhado de dois músicos, trouxe-nos a magia dos seus temas tão
próprios e característicos, alguns um pouco diferentes das versões em estúdio. Um
concerto um pouco mais curto do que o esperado mas que deixou todos satisfeitos
com um alinhamento que contou com “I’m into you”, “1998”, “Gold”, a versão de “No
diggity” ou a belíssima “Talk is cheap” ao piano.
A grande pausa que iria haver
até ao último concerto do palco principal permitiu ir ver um pouco do concerto
de Azealia Banks. O rap forte da cantora que se fez acompanhar de um dj levou
uma grande parte do público ao Palco Heineken.
Para fechar o Palco NOS, os
Disclosure apresentaram-se frente a frente e perante uma plateia bem composta e
pronta para acabar em grande esta edição do festival. O House da dupla fez
todos dançar e terminaram com “Latch” mas sem o convidado que todos esperavam.
Às 3h Chromeo fechava o Palco Heineken e terminava assim mais uma edição do NOS
Alive.
Até para o ano!
Texto: Sofia Robert
Instagram e twitter: @soumusicapt
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